O Tulio Thomé era meu concorrente nos casamentos. Nos conhecíamos há alguns anos de congressos, feiras de casamento, bares e encontros de fotógrafos no Rio. Eu sou aquela pessoa que conheço alguém pela primeira vez por 3x e me apresento em todas… até dizerem: já nos conhecemos antes… e eu fico com a cara no chão. Com ele foi assim. Eu devo ter conhecido ele umas… quatro vezes! hahaha! Eu simplesmente não decoro o rosto de algumas pessoas. Pra vocês verem que não é NADA pessoal, me casei com ele!! E nem posso dizer que foi amor à primeira vista, hahaha, acho que por isso ele me detestava… vai ver ele queria que tivesse sido à primeira vista!! (quero ver quando ele ler isso aqui!! hihihihi) Mas não foi.
Muitos bares, Lapa, Bar Urca, almoços no meio de expediente (ele trabalhava perto de mim) culminaram no nosso feliz encontro após anos sendo amigos. E depois de quase um ano, casamos! E 15 dias depois, descobri que estava grávida. Assim. No dia em que o Papa Francisco fazia uma linda Missa aqui no nosso bairro, Copacabana. Um trilhão de pessoas (mentira, só 3 milhões) vieram rezar e eu descobrindo que seria mãe.
JESUS AMADO!!!!! Ok eu sempre quis uma família! Eu sempre quis ser mãe! Mas assim? Agora? É assim, tipo estou grávida? Isso acontece mesmo?! cataploft! E depois daquele papelzinho com 2 listrinhas minha vida, meus sentimentos, minhas vontades, minhas verdades, minha carreira, meu euuu mais profundo… NUNCA MAIS SERIAM O MESMO. Graças a Deus!
Quando eu era criança/pré adolescente (12 anos?), lá em Brasília, fui numa feira de shopping que tinha uma taróloga, eu só tinha uma pergunta: vou ter uma família? Qualquer treco de adivinhação eu queria saber se ia casar e ter filhos. Ah, que fofa… Mas a vida aos 33 era um pouco diferente do que era aos 12. Só um pouco. Eu morava sozinha há 6 anos. Eu era independente até demais. Eu quis uma cachorra, a Charlote, porque, segundo eu na época, precisava abrir espaço para mais alguma coisa na minha vida. Uau! Vejam o nível que eu me encontrava. Eu dormia e acordava a hora que queria, só por aí já se tem uma ideia… E com tanta liberdade, mesmo assim, nunca fui irresponsável.
Fim do parênteses. Eu estava grávida com 15 dias de casada e tinha 4 casamentos para fotografar na época que eu fosse parir. Cancelei todos, devolvi o dinheiro, fui à falência! rsrs E começou um período extremamente delicado da minha vida, um período que eu comecei a questionar tudo aquilo que eu fazia. Aliás, eu já questionava há tempos, mas grávida e pós nascimento, eu passei a ter necessidade de respostas. E minhas perguntas eram: quero ainda trabalhar aos sábados até de madrugada? E se meu filho ficar doente como vou largá-lo para ir fotografar um casamento? Ainda faz sentido pra mim tudo que eu faço? E que buraco é esse que tenho aqui dentro e não consigo preencher dentro da fotografia? – Só alguns exemplos do que eu pensava. Minhas únicas certezas eram: quero continuar trabalhando e quero continuar fotografando.
Ser mãe autônoma não é nada fácil, trabalha tem dinheiro, não trabalha não tem. Mas eu foquei na maternidade, foquei naquele experiência única, absolutamente nova que eu estava tendo. Poxa era um sonho realizado! E agora?? “Conquistei todos os territórios”, acabou o jogo? Que loucura que é realizar um sonho, por um momento você acha que a vida perdeu o sentido, conquistei, acabou?, e aí que ela vem e te mostra como aproveitar o sonho realizado. Que fantástico!!!
Abaixo, fotografada pelo marido em Itacaré quando ele foi fotografar lá e eu fui de segunda fotógrafa dele. Dezembro de 2013.
Um mês antes de parir, chamei meu amigo Felipe Maiato para me fotografar. Ele que nunca tinha feito foto de barriguda me trouxe fotografias que eu amo! Eu bem assim: moleca, natureza, mãe de menino!!
E num calor escaldante de fevereiro… que delícia! Eu me sentia assim, Mãe Natureza no terceiro trimestre!
E com 35 semanas de gravidez, de segunda pra terça de carnaval, 2:40 da manhã… a bolsa estourou! Contei sobre o nascimento dele aqui, assim como escrevi outras crônicas sobre a maternidade.
E eu amo demais essa foto, vendo meu Francisco pela primeira vez! O Tulio foi nosso fotógrafo!
E essa imagem sou eu bicho fêmea com meu filhote!
E no primeiro ano de vida do meu filho minha cabeça e alma viraram do avesso. Depois de tanto contato com a maternidade, com meu lado fêmea, esposa, mãe, filha, irmã… eu me aproximei da fotografia de FAMÍLIA. Aos pouquinhos iniciei meus primeiros estudos sobre essa novidade na minha vida. Qual o papel da fotografia de família, quem faz hoje em dia, quem fez, como e o que pra mim era importante. Comecei a estudar, não sei quando nem em que tempo que eu não tinha, mas cada vez mais me apaixonei pela formação das pessoas enquanto família em especial pela MATERNIDADE. Eu gosto de participar dos medos, dos sonhos, das alegrias, das dificuldades, estar perto, estender a mão através da câmera. Uma terapia de mão dupla.
Cada vez mais escolho para onde apontar minha lente tentando equilibrar o trabalho ($) com a paixão. E depois de um período turbulento, estafada, cheguei a um lugar interessante! Assumi o leme, icei a vela e sentei para apreciar a paisagem. E consegui sorrir com a alma! Eu ainda estou navegando por esse novo caminho, mas após tanto tempo em conflito, estou curtindo essa paisagem… estou respirando, trocando experiências, ouvindo histórias, conhecendo os filhos das barrigas que fotografei, conhecendo as mães leoas, suas histórias! Meu deus como gosto de histórias de vida! Não, não são histórias mirabolantes, são histórias. São mães com medo, com conflitos, mães entregues, inteiras, presentes, nuas na alma. E eu fecho meus olhos e sinto o vento suave no rosto… estou no meu caminho, isso, Carolina, segue!
Verdade, a grana apertou muito, mas nunca estive tão inteira, tão bem com minhas escolhas. Sigo.
E em janeiro de 2015, lancei uma nova fanpage (no facebook). Despretensiosamente eu queria apenas dizer pra mim que eu havia decidido dividir meu trabalho em duas linhas: Casamentos e Famílias. E parecia que eu havia colocado água numa plantinha de tão feliz que eu fiquei! Escolhi uma logo simples simples… uma árvore! Eu amo árvores e famílias tem suas raízes, suas genealogias, seus galhos, folhas, o balanço, a firmeza! E nasceu assim, de repente… olha que bonita! CarolinaPiresFamilias
E isso tomou um tamanho tão grande dentro de mim que comecei a fotografar meu projeto pessoal “a história por trás da maternidade” onde eu converso com algumas mulheres que para mim se superaram dentro da maternidade. Eu estou cansada de ler em revistas mães que lutaram pelos seus filhos quando esses tiveram doenças etc, isso merece e MUITO o meu respeito e minha admiração, mas eu queria mostrar o conflito da mãe com ela mesma. Ela mesma mulher, ela mesma mãe, ela mesma não mãe. Escrevi e fotografei duas até agora e outra está na fila. Estamos na fila, na verdade, aguardando uma ligação. Eu acompanho as mães meio sem querer até que eu dou um salto: Você! Você! Quer fazer parte do meu projeto? Eu escolho. Eu acolho. Eu escrevo. Eu fotografo. Eu me emociono com aquela história. Fim. Que delícia!
Então, quando completo DEZ anos de fotografia de casamento, fotografo mais famílias do que formação de famílias. Não vou parar com casamentos nunca, faz parte de mim, do que gosto, mas com um brilho nos olhos eu digo: Tulio e Francisco chegaram na minha vida e eu pude olhar pra mim e sentir para onde meu coração apontava e focava.
Obrigada meus meninos!
É isso? 🙂 O próximo vai ser só um fechamento, só pra não dizer que terminei aqui! Me pediram na fanpage 10 posts, terão 10! Até o fim do ano eu termino hehehe falta pouco falta pouco!
Tem alguém aí ainda?? Dá um ALÔ aí embaixo ou no facebook!
Tudo: